"Partitura-Poema #V0" — 2022
Poesia; Gestualidade; Música; Performance; Grafismos.
Exercício que conta com a colaboração de Marcia Cattaruzzi na execução, composição musical e interpretação musical. Torna-se inspiração para o início do projeto "Partitura-Poema", e dá-lhe o nome.
Este exercício vai de encontro às manifestações artísticas da poesia, da dança, da música, nos seus gestos, movimentos, abstracionismo. Há nele um entrelaçamento dos meios de expressão artística da palavra, do movimento e do som.
Em 1995, Dick Higgins, artista integrante do movimento Fluxus, criou o “Intermedia Chart”, um diagrama de Venn que descreve a sobreposição de tradições artísticas académicas. Esta representação gráfica facilita a visualização e realização de operações entre conjuntos, e dá espaço às inúmeras práticas ainda inexploradas.
Desde Vivaldi em “As Quatro Estações”, o compositor induz o ouvinte à imaginação, com sons que imitam os sons da natureza, o canto dos pássaros. Beethoven, na 6ª Sinfonia – “Pastoral” – quer dar um significado à sua escrita musical. O compositor deseja muito unir a música à literatura, à poesia, às obras da dramaturgia, dar significados às paisagens sonoras, simbolizar a música com algum aspecto visual, ou seja, dar à música um poder que ela não tem. Essa prática perdurou com Berlioz na “Sinfonia Fantástica”, Richard Strauss em “Morte e Transfiguração”, Gustav Holst em “Os Planetas”, Alban Berg em “Lyric Suite” cujo último movimento contém a ambientação de parte de um poema de Charles Baudelaire, e tantos outros compositores e obras. A música, por ser considerada a arte da emoção, está muito presente no simbolismo de uma palavra, uma ação, um conceito. Claude Debussy, compositor bastante alinhado ao Simbolismo, musicou diversas obras, a exemplo da sua obra “Prelúdio à tarde de um Fauno” (1894) que surgiu da poesia “Après-midi d’un faune” de Mallarmé. Debussy escreveu em 1902 em Renue Blanche: “A música não deve ser confinada e reproduzir a Natureza, mais ou menos, ou exatamente, mas sim produzir as misteriosas correspondências que ligam a Natureza à Imaginação”.
Este exercício vai de encontro às manifestações artísticas da poesia, da dança, da música, nos seus gestos, movimentos, abstracionismo. Há nele um entrelaçamento dos meios de expressão artística da palavra, do movimento e do som.
Em 1995, Dick Higgins, artista integrante do movimento Fluxus, criou o “Intermedia Chart”, um diagrama de Venn que descreve a sobreposição de tradições artísticas académicas. Esta representação gráfica facilita a visualização e realização de operações entre conjuntos, e dá espaço às inúmeras práticas ainda inexploradas.
Desde Vivaldi em “As Quatro Estações”, o compositor induz o ouvinte à imaginação, com sons que imitam os sons da natureza, o canto dos pássaros. Beethoven, na 6ª Sinfonia – “Pastoral” – quer dar um significado à sua escrita musical. O compositor deseja muito unir a música à literatura, à poesia, às obras da dramaturgia, dar significados às paisagens sonoras, simbolizar a música com algum aspecto visual, ou seja, dar à música um poder que ela não tem. Essa prática perdurou com Berlioz na “Sinfonia Fantástica”, Richard Strauss em “Morte e Transfiguração”, Gustav Holst em “Os Planetas”, Alban Berg em “Lyric Suite” cujo último movimento contém a ambientação de parte de um poema de Charles Baudelaire, e tantos outros compositores e obras. A música, por ser considerada a arte da emoção, está muito presente no simbolismo de uma palavra, uma ação, um conceito. Claude Debussy, compositor bastante alinhado ao Simbolismo, musicou diversas obras, a exemplo da sua obra “Prelúdio à tarde de um Fauno” (1894) que surgiu da poesia “Après-midi d’un faune” de Mallarmé. Debussy escreveu em 1902 em Renue Blanche: “A música não deve ser confinada e reproduzir a Natureza, mais ou menos, ou exatamente, mas sim produzir as misteriosas correspondências que ligam a Natureza à Imaginação”.
Em 1926, Wassily Kandinsky realizou um estudo formal com a artista Gret Palucca que enfatizava a ligação entre a dança e seus princípios teóricos sobre a abstração, em que a fotografou a dançar e de onde surgiram quatro desenhos abstractos, que posteriormente acabaram por influenciar o seu livro “Ponto, Linha, Plano”. Por outro lado, Palucca tentava cada vez mais apresentar-se como uma bailarina moderna e compartilhava com Kandinsky os princípios abstratos e a ideia de uma simplicidade geométrica subjacente ao seu movimento corporal. Este projecto traduziu visualmente a aplicação das teorias pictóricas de Kandinsky à dimensão da dança. Com as fotografias resultantes do projecto, ele conseguiu destacar a natureza e as propriedades da forma. Esses elementos, que para Kandinsky indicam de forma abstrata a forma da superfície material, conferem à própria forma a possibilidade de ser uma “manifestação significante de uma realidade”.
Há a procura, neste exercício experimental, de musicar as palavras a partir do sentido de cada uma delas, das sílabas tónicas, da expressão que a declamação oferece, da modulação da voz e dos movimentos. Inspirado no “Caminhando” de Lygia Clark, este projecto experimental propõe-se, através de uma transversalidade de linguagens artísticas, a criar um espaço de integração, e fala de relações antagónicas, de inquietudes e gestos, o dentro e o fora debatem-se num círculo inquieto e num conflito de vontades que parece não ter fim nem alcançar uma serenidade. Partindo do princípio de que tudo se relaciona e pode dialogar, este exercício propõe-se a cruzar diferentes áreas artísticas: a poesia, a música, o corpo-performance e as ferramentas do design gráfico, numa busca de uma poética nos espaços e pontes que surgem destas tangências e intersecções. O poema é criado e continuado, a música dá-lhe expressão e o gesto dá-lhe um corpo no espaço. Nasce uma possível combinação, de tantas, como defendia Higgins.
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